A Universidade Federal do Paraná (UFPR) deu um passo importante rumo a um futuro mais sustentável.
No dia 17 de outubro, a instituição inaugurou uma usina piloto de produção de hidrogênio renovável no Centro Politécnico, em Curitiba.
O projeto é pioneiro no Brasil e mostra que é possível produzir energia limpa a partir de resíduos alimentares, sem precisar utilizar água.
A iniciativa acabou desenvolvida com recursos do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Copel GeT, em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e recebeu R$ 7,6 milhões em investimentos.
Hidrogênio renovável: energia que nasce do reaproveitamento
O grande diferencial do projeto está na origem da matéria-prima.
Os resíduos orgânicos usados na usina vêm do Restaurante Universitário da UFPR, que serve cerca de 14 mil refeições por dia.
Esses restos de comida passam por um processo chamado biodigestão anaeróbia, que transforma o material em biogás — uma mistura de metano e dióxido de carbono.
A partir daí, entra em ação uma tecnologia avançada conhecida como reforma catalítica a seco, que gera hidrogênio de alta pureza sem usar água, o que torna o processo ainda mais sustentável.
Como funciona o processo dentro da usina da UFPR
Na prática, o sistema da usina combina etapas de conversão termoquímica, purificação do gás (via PSA), armazenamento. Por fim, o uso do hidrogênio em células a combustível para gerar eletricidade.
Toda essa operação acaba controlada por inteligência artificial, que monitora e otimiza cada fase da produção, garantindo eficiência e segurança.
Durante a inauguração, o público pôde conhecer uma das aplicações práticas da tecnologia: uma bicicleta elétrica movida a hidrogênio, criada dentro do projeto.
Ciência a favor do planeta: descarbonização e emissões negativas
O desenvolvimento da usina da UFPR também se alinha ao Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, que incentiva o uso de fontes energéticas mais limpas no país.
Segundo o professor Helton José Alves, coordenador do projeto, o sistema tem potencial até para gerar emissões negativas de carbono.
“Pela primeira vez estamos provando que isso é possível sem agredir o meio ambiente, pois no processo que ocorre sem o uso de água, ainda é possível obtermos emissões negativas, caso haja a captura do CO2 de forma integrada ao processo”, ressalta ele.
