O Paraná vem se destacando no cenário nacional de transição energética com a produção de hidrogênio renovável.
O Consórcio Biogas-to-H2 Paraná (B2H2), formado por empresas e instituições de pesquisa do estado, pretende transformar o biogás gerado em estações de tratamento de esgoto em hidrogênio de baixa emissão de carbono.
A iniciativa acabou selecionada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e fará parte do plano brasileiro de investimentos. Neste conteúdo, você entende tudo o projeto a seguir:
O que é o Consórcio B2H2 de hidrogênio renovável?
O Consórcio Biogas-to-H2 Paraná (B2H2) é uma parceria formada por empresas, instituições de pesquisa e universidades do Paraná com foco em produzir hidrogênio renovável a partir do biogás gerado em estações de tratamento de esgoto.
O consórcio é liderado pela Copel Geração e Transmissão (Copel GT) e inclui outras empresas como a Sanepar, Compagas, Peróxidos do Brasil, Gas Futuro. Também recebe instituições acadêmicas e de pesquisa como a UFPR, Unioeste, Senai e CIBiogás.
Segundo os organizadores, o objetivo do B2H2 é aproveitar o biogás – um subproduto do tratamento de esgoto – para gerar hidrogênio de baixa emissão de carbono.
Além disso, o projeto busca promover a economia circular, trazer inovação tecnológica e contribuir para a descarbonização da indústria no Paraná.
O projeto faz parte do Programa Nacional do Hidrogênio e selecionado para receber recursos do Fundo de Investimento Climático – Descarbonização da Indústria (CIF-ID), o que permite o desenvolvimento de tecnologias limpas e pesquisas avançadas em energia renovável.
Produção de hidrogênio a partir de biogás
O processo envolve várias etapas técnicas. Entre elas estão:
- Coleta do biogás gerado nas estações de tratamento de esgoto;
- Conversão em gás de síntese por meio da reforma catalítica, tecnologia que transforma gases ricos em metano em hidrogênio e monóxido de carbono;
- Separação e purificação do hidrogênio para aplicações industriais;
- Uso complementar na produção de peróxido de hidrogênio, que pode acabar aplicado em processos industriais ou em combinação com hidrogênio proveniente do gás natural.
A estimativa inicial é produzir cerca de 100 toneladas de hidrogênio por ano, com potencial de expansão para até 7 mil toneladas anuais, considerando a capacidade das mais de 230 estações de tratamento de esgoto operadas pela Sanepar.
Impactos ambientais e científicos
Além de gerar energia limpa, o projeto de hidrogênio renovável contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
A iniciativa, por exemplo, prevê a captura de até 325 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano, além de desenvolver um sistema de certificação de hidrogênio de baixo carbono baseado em blockchain. Isso garante rastreabilidade e transparência no processo.
Segundo Gustavo Possetti, especialista em Pesquisa e Inovação da Sanepar, o setor de saneamento possui potencial significativo para gerar produtos de alto valor agregado a partir do biogás, contribuindo para a descarbonização da indústria e para a economia de baixo carbono.
“As pautas da economia circular e da economia de baixo carbono já fazem parte das atividades da Sanepar. Nesse cenário, um dos destaques é o aproveitamento energético do biogás, subproduto do processo de tratamento de esgoto, gerado em mais de 200 estações do Estado” comenta ele.
Parcerias e investimentos
Vale pontuar que o Brasil garantiu a primeira posição entre 26 países participantes da chamada do Fundo de Investimento Climático – Descarbonização da Indústria (CIF-ID).
Isso permite acesso a até US$ 250 milhões (aproximadamente R$ 1,4 bilhão) para fomentar projetos de hidrogênio de baixa emissão de carbono.
O consórcio paranaense é um dos cinco selecionados para compor o plano de investimentos brasileiro, junto com iniciativas da Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A execução do projeto está prevista para avançar até 2035, alinhando pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação industrial.
Potencial para ciência e tecnologia
Por fim, vale saber que além da produção industrial, o projeto B2H2 contribui para pesquisas avançadas.
Uma planta piloto de hidrogênio renováel por rota seca (processo que não utiliza água) será inaugurada no Centro Politécnico da UFPR, por exemplo. Isso irá permitir o estudo de tecnologias sustentáveis e ampliar o conhecimento sobre produção de energia limpa no país.
O consórcio também integra instituições de ensino e pesquisa, assim como fortalece a formação de profissionais especializados em tecnologias de energia renovável, biogás e hidrogênio de baixo carbono. Isso traz um impacto direto no desenvolvimento científico e tecnológico do Paraná.
Foto: Maurilio Cheli/Sanepar
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