Um amplo estudo internacional, que reuniu 126 instituições de 36 países e contou com a participação da Embrapa Florestas, revela que as árvores tropicais, embora historicamente resistentes a secas, já começam a mostrar sinais de vulnerabilidade diante do aquecimento global.
Publicada recentemente na revista Science, a pesquisa traz evidências de que o aumento das temperaturas pode comprometer a capacidade de recuperação dessas árvores após períodos de seca. Isso eleva o risco de mortalidade e ameaça a saúde dos biomas tropicais.
Análise dos anéis de crescimento e abrangência da pesquisa sobre o aquecimento global
Com base em dados dendrocronológicos — análise dos anéis de crescimento das árvores — coletados de mais de 10 mil árvores em quase 500 locais. Elas incluem áreas como a Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, além de florestas na África e Ásia.
A pesquisa analisou o comportamento de 163 espécies de plantas, entre angiospermas e gimnospermas.
A equipe internacional observou que, desde 1930, as secas extremas levaram a uma redução média de 2,5% no crescimento dos troncos. No entanto, as árvores normalmente conseguiam se recuperar nas estações chuvosas seguintes.
Consequências para o ciclo do carbono e o clima global
Entretanto, com o aumento da frequência e da intensidade das secas causado pelas mudanças climáticas, essa recuperação parece estar sendo comprometida.
Mesmo em florestas úmidas, as árvores já sentem os efeitos do clima mais quente, o que pode ter consequências graves para a biodiversidade e os serviços ambientais prestados por esses ecossistemas.
Além do impacto direto sobre as florestas, os cientistas destacam que a redução da capacidade de recuperação das árvores tropicais pode afetar seu papel importante na captura de carbono da atmosfera. Isso agrava potencialmente o próprio problema do aquecimento global.